quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Entre Parentesis (en castellano)

(Un Paréntesis se enamoró...
... de otro, que estaba lejos)
(Del renglón de arriba...
... Espiaba el de abajo)
(En la izquierda de la página...
... Coqueteaba el fin del margen)

Pequeño secreto: ( es triste el amor distante)
Otro secreto : (las palabras son lo que separan los amantes)

Un dia, el Paréntesis de arriba...
... Se escapó de su renglón)
El Paréntesis de abajo...
... Ya no servia.

Vino el Punto final.
Adonde se fueron los Parentesis?

La Coma dijo que no vió nada,
El Punto dijo que nada vió.
Solo los Dos Puntos murmuraron para el Guión bajo:
_ Cuando preguntamos donde estuvieron
Uno de ellos, muy pícaro, sonrió
: )


------------- Obrigado pela tradução, Juli! Muita poesia no próximo ano pra todos nós! Bjs e Abs... Inté

sábado, 19 de dezembro de 2009

Grandes e pequenas Esperanças

Gosto dos livros do século XIX, já li muitos romances deste período, mas é a primeira vez que mergulho em uma obra folhetinesca inglesa. O que dizem de Dickens é verdade, seu texto pode ser visto como precursor das telenovelas, dada a leveza da leitura em uma trama conduzida em novelo. O que afasta Grandes Esperanças de Viver a Vida é o fino trato que recebem seus personagens, cada um com uma forma de expressão tão única, que é possível identificá-los na estrutura da frase.
Abro grande destaque aí para a apaixonante Estelle, que entra na minha lista das adoráveis personagens femininas cruéis, como Nastássia Filíppovna de Fiódor Dostoiévski (O Idiota) e, de certa forma, a Lúcia de José de Alencar (Lucíola).
Dickens segue nos planos para futuras leituras, com Oliver Twist e David Copperfield, este último que ainda assombra a minha infância com seu ímpeto de vingança.
Como não consigo manter a fidelidade de leitor, nas últimas semanas pulei a cerca com os contos de Tchekhov, em uma seleção impecável da Editora 34. Destaque aí para os impagáveis Bilhete Premiado, Aflição e A Dama do Cachorrinho.
Como terceiro amante neste fim de ano, sempre levo comigo no bolso o Cem Sonetos de Amor, do Pablo Neruda, que ganhei de presente de aniversário. Andar com Neruda no bolso é o mesmo que carregar uma cachoeira, ou melhor, cem cachoeiras, tal a fluidez de suas palavras. Um dia chego lá.
Próxima leitura: Sagarana, do mestre Guimarães Rosa.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Plano de Leitura

Amigos e amigas deste blog – reais ou imaginados

Este laboratório vai completar dois anos em fevereiro. Ao criá-lo, tinha como principal objetivo colocar a prova meus poemas, pensamentos e pequenos textos. Fui tomado pela surpresa, pois descobri aqui estimulantes companheiros das letras dispostos a compartilhar experiências.

Como não consigo manter uma produção literária constante - resolvi ampliar um pouco a área de atuação deste blog e, assim, também aumentar o nosso espaço de troca.

Sempre me considerei um leitor desorganizado. Lia o que me caía nas mãos, por indicação de amigos, parentes e professores, ou levado pelo mercado. Sinto hoje a necessidade de organizar minha leitura com o simples objetivo de ler menos porcaria.

Assim, criei um plano de leitura até novembro de 2011. Selecionei muitos obras da literatura brasileira e mundial, e formei o meu cânone pessoal: “os livros que quero ler antes de chegar aos 30”. Quero usar este espaço de blog para compartilhar minhas experiências de leitura com vocês.

Participem também!

O primeiro livro é - Grandes Esperanças, de Charles Dickens

Bjs e abs

Thiago

domingo, 6 de dezembro de 2009

Amigo poeta

Queridas e queridos,

recomendo o blog do amigopoeta Leandro Jardim

http://florespragasesementes.blogspot.com/

Passei por lá para conferir e gostei muito do trabalho dele. Divulguem!
Bjs e abs

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Soneto para a rainha morta

Por seguir em mim a trilha minha,
Nesta vazante de meus pés sozinhos
Adiante, no presente arrastado
Entre fendas que existem meu passado,

Dia a dia em sibilantes paranóias...
Fogo-fátuo consumido por memórias!
Tormentoso ver-te tendo olhos fechados
E sentir-te no vazio que há ao lado...

É tão perto onde jaz nossa distância...
Um canteiro onde brotam aos bocados
Mal me queres - flor sem esperança...

Não há morte mais dorida, Inês de castro,
Que viver perambulando pela vida...
De tua falta sigo sempre acompanhado.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Só pra notificar

Tentei escrever um poema para novembro e não consegui. Ainda tenho alguns dias para tentar... Será que vale a pena?
Bjs e abs

Thiago

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Poema em 6 mãos

No dia do meu aniversário, como de costume, a Confraria Literária da Cachaça se reuniu para comemorar. Da festa nasceu um poema que gostei, iniciado pelo Aluísio, recheado pela Daya e concluído por mim. Aí vai:

Hoje a confraria tem dois lados
O de dentro, o de fora...
Mas também há outro
Que é limiar, intrinseco, faz a passagem, a unidade.
Qual o real sentido da fraternidade
Se não entre o agora que forma a eternidade?

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Sobre a vida eterna

Vejo as venetas da vizinhança,
Tão velhas, a vigiar umbrais,
Vermelhas! São tantas delas
Entre as vergas verticais...

São inclinadas vagas de telhas,
Que mal versam vendavais...
Notem como vão sozinhas,
Inda que vivenda de pardais...

Vestem o teto de outros tantos
Velhos... Quantos são varais
A evaporar em vida vã?

Como esperam vadear jamais
Se até as Aves desses seus missais,
Como as telhas, vêm do chão?

domingo, 25 de outubro de 2009

Afirmação truncada

Amares que vem para o bem...

Ou seria

Amores que vem para o bem?

domingo, 18 de outubro de 2009

Segunda etapa do Projeto Douradinho 2009

Alexandre Malaguti, Thiago Cascabulho e André Sales
Caraminholas Produções - Projeto Douradinho 2009

Amigos deste Blog!

O Projeto Douradinho 2009 entrou na segunda etapa. Agora vamos percorrer Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte.

Acompanhem no site http://www.projetodouradinho.com.br/

Vejam, divulgem e comentem!
Bjs e abs

Lembrancinhas

Meio céu em Porto de Galinhas
A nega passa: Lembranças! Lembrancinhas!
Nego como o azul resignado:
Como se não me bastassem as minhas!

sábado, 3 de outubro de 2009

Do coração do Brasil

Noite quente.
Noite, quem?
Noite que...
Note.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Últimas novas

Amigas e amigos deste blog,

Desculpem pelo desaparecimento, mas meus últimos escritos não são lá muito publicáveis...
Além disso, estou dias e noites ligado ao Projeto Douradinho. Posto direto do Tocantins, e fico pelo Norte / Nordeste até dia 31 de outubro.
Para quem quer acompanhar nossos caminhos, o site do Projeto Douradinho finalmente está no ar, ainda com algumas falhas, mas o Blog está funcionando! Em breve postarei fotos!
Vejam, comentem, divulguem!

www.projetodouradinho.com.br

Beijos e abraços!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Uma música de ninar

Psiquê

Voa largo a borboleta
Deixa para trás a casca
Vive alegre quem se deita
Sob tuas belas asas.

Sai pra trabalhar tão cedo
Visitando margaridas
Leve leva os meus segredos
Limpos pela tua brisa.

Tem mania, de perguntar porquê...
Tem mania, de perguntar porquê...
Quem diria? Não posso responder...

Tem inscrito olhos de China
Marejados de amar
Como os olhos da menina
Que as águas vão lavar...

Sai pra trabalhar tão cedo
Que quase ninguém desperta
Quando passa a borboleta
Com os sonhos do poeta

Tem mania, de perguntar porquê...
Tem mania, de perguntar porquê...
Quem diria? Não posso responder

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Uma pérola

Pérola da madrugada, pelo mestre Paulo Bezerra, que quero compartilhar:

Não é possível poesia sem comprometimento.

domingo, 23 de agosto de 2009

Rumo do Norte

O fim de semana com chuva me lembra da moda de viola que fiz - com o parceiro Bianco - para o Projeto Euclides. Sinto nesta canção uma paz imensa, cheia de significados. Segue o rumo do Norte!

Canto III

Segue o rumo do norte
Não é culpa da sorte
Se sente sozinho...

Quantas folhas na mata
Emolduram as águas
Que levam o caminho?

Caso o barco encalhe
Caminha e repara:
É verde a palmeira.

As saudades escorrem
Como a borracha
Sai da seringueira.

domingo, 16 de agosto de 2009

De Páris

Só para nao ficar mais de uma semana sem postar nada, aí vai mais uma das antigas. Bjs e abs!

Helena das mil naus,
O que sabemos é mentir
A nós mesmos.

Até mesmo Menelau,
Seu esposo, tudo sabe
E nada acredita
Das brancas encenações
Que inventastes.

Só eu sei da sabedoria
E fortuna que abandonei
Pastoreando Deusas,
Pela vaga promessa
De sua terrena beleza.

E agora, das guerras
Afora dos muros que criei,
Nada mais espero de você,
Helena de nagros cabelos
De Egeu.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Conformados rios

Mais um poema perdido da pasta. Este é bem antigo! Enquanto seu lobo não vem, vamos de safra velha, por enquanto. Bjs e abs!


Poema de paixão breve,
Peixe das águas que temos
Nos lagos de nossa mente.
Capaz de abrir em versos
Os beijos mais renitentes.

É doce fruta guardada
Para a ceia de nossas tardes
(Cinzentas e lentas tardes)
Em quartos onde só a chuva bate.

São almas de rios feitos
De água conformada em viver.
Que tangem laboriosos desvios
Por caminhos somente vistos
Por aqueles que não querem ver.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Pesquisa

Amigas e amigos deste blog,

Lá se foi mais de uma semana que não posto nada por aqui. Explico: o momento é de muito trabalho na elaboração da palestra do Projeto Douradinho.
Aproveito o intervalo para refletir sobre a produção deste blog... Revendo as postagens, vejo que passei por textos dos mais diferentes em curto espaço de tempo, fui do soneto ao flerte aberto com a poesia concreta, passando pela prosa amargurada ou de humor. Uma verdadeira salada. Sinto necessidade de saber qual caminho devo explorar mais.
Por isso quero ajuda! O que é que vocês acham disso tudo, qual o texto que mais gostam e pq?
Aguardo as respostas...
Beijos e abraços

sábado, 1 de agosto de 2009

Para quem perdeu: Cantos de Euclides em Paraty!


Finalmente, aqui está o primeiro resultado do espetáculo Cantos de Euclides disponível no youtube. Quem não viu pode e deve conferir, principalmente a parte o Baião (é o quinto link), que na minha opinião é a mais bonita.

Para os próximos meses seguimos no trabalho por novos apoios e patrocínios.
Objetivo principal: Seminário Internacional sobre Euclides da Cunha em Cantagalo - RJ entre 25 e 28 de Setembro. MERDA!!!

quinta-feira, 30 de julho de 2009

O Projeto Douradinho 2009 começa hoje, patrocinado pela Terna Participações e realizado pela Caraminholas, com muitos desafios para o nosso querido peixe cascudo. Como ano passado, serão muitos km de estrada pelas regiões norte, nordeste e centro-oeste.
Os resultados das viagens de 2008 podem ser conferidas no site www.projetodouradinho.com.br, que já está sendo refeito para incluir as aventuras que viveremos agora no segundo semestre.
Ano passado foram distribuídos 10 mil livros Amiga Lata, Amigo Rio para escolas públicas. Este ano serão 22 mil.
Como diriam Bianco Marques e os meninos do Coletivo Teatral Sala Preta: "Brilho de lata não é, não é um brilho qualquer. É brilho que vem de um peixe que brilha por ser o que é!"
Acompanhem!

terça-feira, 28 de julho de 2009

Cordas para Iemanjá

Bóiam os trapezistas, livres,
Tão leves pela lona colorida...

Lentos - quase param no ar -
Mas são trazidos de volta.

São ondas as águas de cordas
Que sonham alcançar Iemanjá...

E até meus suspiros duvidam
Que em teto de circo não há mar!

sábado, 18 de julho de 2009

Confraria Literária da Cachaça

Para relembrar a querida Confraria Literária da Cachaça, fundada em 26 de setembro de 2007 e no momento de férias - além das noites de boemia, claro - posto o poema que fiz para abrir o nosso primeiro caderno. E já estamos no terceiro! Noites entre amigos, poesias e boa bebida... Muitas outras virão!

O deleite nos chama, hedonistas,
Por entre labaredas de bebida!

Nada vale a tormenta, amigos!
O que é o amanhã em tuas vidas?

Celebremos pois, em sonhos,
Só o que indica a razão dos olhos!

E tomemos como guia, a língua,
Até onde nossa garganta admite!

sábado, 11 de julho de 2009

Recado para a vampira Clarimonde

Ai, Clarimonde é teu nome traiçoeiro!
Espreitava-me no reverso do passado
Convocando luas prestes ao teu hálito
Antes mesmo terminado o meu soneto.

Sei que és sobrevivente da Tarpéia,
Pois no rosto levas conjurado o fogo
Que fizeste extrair de minhas veias
Justo quando explorava teu pescoço.

Se é na forca o enlace deste encontro
Tão malvisto pela deusa tua mestra
Reafirmo que na morte estou pronto.

Mas, se a sentença for seguir, amada Vesta,
Pelas praias que não ligam nossos portos,
Qual vantagem há na vida em ser poeta?

terça-feira, 23 de junho de 2009

Cantos de Euclides na FLIP (divulgação)

*Foto de ensaio do dia 21 de julho

As ruas de Paraty se transformam em palcos para homenagem teatral ao centenário da morte de Euclides da CunhaPoesias e canto em meio à literatura vão movimentar as ruas de Paraty na noite do dia 3 de julho, sexta-feira, durante a 7ª Edição da Flip - Festa Literária Internacional de Paraty. Desdobramento do livro Quatro Cantos de Euclides, do barramansense Thiago Cascabulho, o espetáculo teatral Cantos de Euclides vai representar e relatar quatro fases da vida do escritor Euclides da Cunha, cujo centenário de morte é completado em agosto deste ano.


Quando o relógio marcar 21 horas e 30 minutos, as principais ruas de Paraty serão tomadas por quarenta artistas - entre atores, músicos, dançarinos - que seguirão em procissão em meio ao público, que poderá optar por interagir ou apenas contemplar a homenagem. Serão cinco paradas/etapas. Cada uma representa uma fase da vida e obra do autor de Os Sertões.O show se inicia em frente à Igreja do Rosário, com o maculelê que apresenta os personagens. Em procissão, elenco e público partem para frente da Casa da Cultura, onde uma roda de samba – que conta os primeiros anos do militar e engenheiro Euclides – aguarda. Em seguida, todos são levados até a Igreja de Santa Rita para conhecer o baião que fala sobre Os Sertões. Ao final da canção, o público é convidado a olhar para a orla, onde um barco passa com violeiros que tocam a moda de viola que narra às aventuras de Euclides da Cunha na Amazônia. Mais adiante, no próprio gramado da Santa Rita, o espetáculo culmina em uma grande roda de ciranda, representação tradicional do imaginário popular brasileiro.


Todas as canções fazem referência direta ou indireta a textos do próprio Euclides da Cunha ou a acontecimentos de sua vida, por exemplo: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”, nos versos 1 e 2.Cantos de Euclides é uma realização do Coletivo Teatral Sala Preta, com direção artística assinada pelos integrantes Bianco Marques, Danilo Nardelli e Rafael Crooz e direção de produção de Marcelo Bravo. A produtora carioca Caraminholas assina a co-produção.


Diversos grupos artísticos da Região Sul Fluminense participam com percussão, interpretação, coral e quarteto de cordas.Entre as participações : Grupo de Estudo de Percussão do ECFA, Grupo As Bastianas, Projeto Música nas Escolas de Barra Mansa, além dos atores: Thiago Delleprane, que interpreta Euclides da Cunha, Luana Dhickman, Suzana Zana, Luana Dieckman, Marinêz Fernandes , Lúcio Roriz, Aline Mara, Clarissa Anastácio, Diane Tavares, Elisa Carvalho,Jessica Zelma e Lucas Fagundes.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Poeminha sem vergonha

LOV – doze zero meia,
Passa o carro apressado.

A chuva não para.
O trânsito chia.

Mas, ai, que irônico!

É a ausência da letra
Que embaça o vidro
No ônibus...

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Um espaço para desabafo

Vocês sabem que eu fiz este blog para ser um laboratório de textos e um espaço para divulgar meus trabalhos – não um diário. No entanto, abro uma exceção (e também para responder ao R. Bandeira) para falar sobre os rumos do projeto Quatro Cantos de Euclides, que vem rendendo um misto de entusiasmo com frustração.
Entusiasmo por acreditar no livro como obra de arte e como produto cultural. Por ver que grupos inteiros de músicos e de atores dedicam amor e tempo nos ensaios para o espetáculo. Ao receber as amostras das ilustrações revolucionárias do Miguel. Ao ver o entusiasmo de alguns professores universitários e de parceiros conhecidos e desconhecidos...
Frustração pela falta de visão dos empresários, que podem investir na idéia sem pagar um tostão e que, por pura má vontade, nem se dão ao trabalho de ler uma proposta. Por constatar que a educação, a leitura, a cultura e a memória do país ficam sempre em último lugar.
Mas, vendo os fatos com olhos também mesquinhos, até entendo o motivo para esta jogada de escanteio. Falar de Euclides da Cunha é estimular a visão crítica, é reconhecer que os textos de mais de 100 anos atrás continuam atuais, que crescemos apenas nas aparências, que continuamos vivendo nos sertões, onde homem explora homem, onde os recursos naturais são vendidos por bananas...
Bueno, logo a Flip chega. Dia 03 de julho, depois de todas as mesas, acredito eu que lá pelas 20 horas os tambores começam seu espetáculo pelas ruas da cidade. Conto com vocês lá!
Não sei se vai dar para lançar o livro também durante a Flip. Ainda conto com um patrocínio de última hora, ou com um orçamento de gráfica mais brando... Se alguns de vocês, leitores deste blog, conhecerem empresários que possam patrocinar um projeto aprovado na lei Rouanet, por favor, gritem!
Como aperitivo, posto aqui a Canção III, a moda de viola, que fala sobre a viagem que Euclides fez a Amazônia.

As saudades escorrem
Como a borracha
Sai da seringueira.

Amazonas, veja entrar,
Os intrusos
No salão.
Se não tem muros,
Sua prisão
O que é que prende
Aqueles que vivem
Da escravidão?

sábado, 30 de maio de 2009

Nascente

Enquanto não escrevo nada de novo, posto aqui algumas coisas das antigas. Este poema é de 2000. Abraços


Nasceu embrulhada em um pedaço de manhã
Dilatando fragrâncias
Despertando sonhos inexatos.

Nasceu coberta por um véu de carícias
Abrindo abismos de calor,
Conduzindo aventuras e medo.

Nasceu derramando ternura
Destilando encantos
Compondo vertigens.

Nasceu no regato
Por onde escorre meu sofrimento.

E ainda nasce eternamente
Nas palavras que escrevo
No tempo que resta
No saboroso desassossego
Do poeta.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Crônica do dia

“Hoje eu acordei com um elefante sentado no peito”. Era assim que eu ia começar a minha crônica de hoje. Provavelmente descreveria o dito cujo - com suas orelhas imensas e pesadíssima invisibilidade.
O cronista – no caso, eu - seguiria com mais um festim de lugares comuns, talvez usando expressões bregas como “caminhar pela cidade azul sem olhar o outono”.
Lá pela metade do blábláblá, falaria um pouco da minha mãe, diria coisas boas e ruins dela - ou coisas bobas - do tipo “era consumista” ou “amava chafarizes”. Você, leitor, talvez chegasse a Freudianas conclusões, Édipos para lá, Jocastas para cá...
No último parágrafo, a confissão dos microproblemas do dia a dia, a alegria de ver chegar a geladeira na nova casa, a compra do primeiro sofá e da primeira mesa de cozinha.
Talvez nas entrelinhas eu deixasse transparecer uma dor qualquer, uma saudade espinhenta pelos que partem com a morte ou pela vida.
Talvez escapasse por aí um certo rastro de rancor, alguma marca de violência mal encoberta...
E, no fim, depois do ponto final, uma margem inteiramente branca só para o amor.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Soneto para a Vampira Clarimonde

“Vous me demandez, frère, si j’ai aimé ; oui.
C’est une histoire singulière et terrible…”

“Você me pergunta, irmão, se amei; sim.
É uma história singular e terrível...”
La morte amoureuse
Théophile Gautier (1836)
Nego-me a existência, Clarimonde,
E desfio o cotidiano com apatia,
Levando-te sonâmbulo dia-a-dia
Sob os olhos na insônia afogados.

Se é por ti toda fé que em mim havia,
Dar-te-ia sem receio, o braço,
Para o sangue transformar-se em pasto
Desta boca que explora vidas.

Seguiriam por teu colo enluarado
As fremidas noites de orgia
Que a lembrança já me faz cansado.

De tua pele eu faria meu sudário,
Remetendo toda morte à alegria
E a santa eternidade ao caralho.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Epopéia Euclideana



Os últimos meses foram de dedicação quase exclusiva para o ambicioso projeto Quatro Cantos de Euclides, pela Caraminholas, filho de uma iniciativa muito maior, o movimento “100 anos sem Euclides” http://www.projetoeuclides.iltc.br
Só agora tenho cabeça para divulgar um pouco deste trabalho aqui no blog. A idéia inicial era a de criar um livro infantil sobre a vida e obra do escritor fluminense. Só isso já faz do desafio enorme, afinal, todos sabemos que a obra de Euclides é difícil tanto na forma quanto no conteúdo, e sua vida um desastre a parte.
Para complicar mais um pouquinho, decidi escrever o livro em forma de canções, com ritmos bem brasileiros. Foi assim que, aos poucos e depois de muita pesquisa, nasceu o maculelê que abre a narrativa; o samba de roda que conta o início da vida do autor (canto I); o Baião, para Os Sertões (canto II); a moda de viola para a epopéia amazônica (canto III) e a ciranda para o fim da trágica vida (canto IV).
Mas as coisas não param por aí. O desafio foi para a estratosfera quando o Coletivo Sala Preta aceitou coordenar um grupo de mais de 60 atores para dramatizar o livro pelas ruas de Paraty durante a Flip deste ano, na noite do dia 03 de julho.
É grande a ansiedade de todos e muito trabalho pela frente. Esta semana tive a felicidade de escutar as primeiras gravações das músicas, e já começam a surgir também as ilustrações do livro, pelas mãos do grande parceiro Miguel. Como complemento às canções da obra, terminei ontem os textos que serão encenados no espetáculo, e mais uma canção foi feita, uma ladainha, que vai ser entoada durante o deslocamento das pessoas pelos diversos cantos da cidade. Aí está ela!


Ladainha, ladainha!
Ê, voz de quem caminha!

Leva a palavra pra perto
Desse céu que reflete o deserto!

Ladainha, ladainha!
Ê, voz de quem caminha!

Leva contigo o cansaço
Desse peso de terra nos braços.

Ladainha, ladainha!
Ê, voz de quem caminha!

Rogai por nós a alegria

Que alivia esse exílio na vida.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

apatia

o primeiro a
resolve ficAr
mAis Alto.

pArtem-se
As tirAs
em LEntA
GRItARIA.

Só fALtA
um úLtimo A
pARA, fInALmEntE,
dEspontAR A
ALEGRIA.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Construção de musa

Eu costumo agrupar meus poemas por fases, delimitadas por estilo ou tema. No ano de 2006 e início de 2007, passei por um período de criação que chamei de “construção de musa”. São poemas de verso e métrica livres, que procuram formar com palavras uma musa imaginária. Reproduzo aqui dois deles, que também estavam escondidos na velha pasta...

Poema da Lembrança

Um poema, quero tanto
Dançar mais um pouco
E não deixar pra trás
Seu rastro de noite.

E em cada esquina
Procuro flores desconhecidas
Pedaços de lembranças
Com fios invisíveis costurados...

Assim crio você
Na minha esperança de papel,
Nas palavras que desejo carne
Nos versos que quero seus.

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Olhos de sandias visto

Olhos de sandias visto
Na metade do sonho,
Enquanto reais aquarelas
Pintam novas cortinas
De cheiro pungente ao sabor
Da primavera.

E na ligeira face vermelha
Que se espraia entre dunas,
Cavernas e areia de branca seiva,
Palavras cultivam adocicadas
Melancias de sorrisos
Feitas.

E, mais abaixo,
Onde se esvai como saliva, o sono,
Encontro ainda outros caminhos cultivados
Que me despertam muito mais poesia,
Febre e fome.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Mais uma da pasta... Quadrinhas

Sentir é saber
Que tudo que se sabe
Nada sente
Por você

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Deus é palavra
Que cria o homem
Com o barro
Do nome

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Mais certo seria
Errar a tentativa
Que acertar
O erro

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A razão
Contém o tempo
No espaço infinito
Do pensamento

terça-feira, 14 de abril de 2009

A velha pasta no fundo do armário...

E o poema volta, sempre, no papel. Digo isso pq, depois da morte do meu HD, pensei que nunca mais veria meus velhos poemas, perdidos para sempre. Mas não é que uma arrumação no quarto pode mudar tudo? Encontrei uma pasta – velhinha – com muitos dos meus poemas mais antigos. A invenção de Gutemberg salvou minha memória...
Aos poucos vou postando algumas coisas das antigas por aqui. Palavras do início da minha poesia, antes de entrar na casa dos 20. Algumas do século passado! Esta é uma delas...

Poesia inacabada

Uma poesia inacabada
Procuro no meio dos papéis
Como que querendo completar
A parte que me falta

Uma poesia inacabada
Está dormindo solitária
Entre outras folhas mortas,
Desejando transformar-se em idéia,
Em sonho.

Mas se são todas elas
Sem início e sem final
Mesmo que pontuadas e finitas...

Inacabados somos nós,
Assim como as poesias,
Assim como os sonhos,
Tudo, tudo.

segunda-feira, 23 de março de 2009

domingo, 22 de março de 2009

O Beijo

Desiguais, as extremidades da boca
Amam-se pelo acordo da palavra,
Desvairando emoções em voz rouca
Como quem confessa a própria alma.

Porém, é sonho de toda carne,
Sobre lábios de temerosos verbos,
Vibrar em silencio, como quem arde
Úmidas confissões de sentimentos.

E deixar toda poesia em suspense
Ao lascivo paladar pungente
Que a língua em brinde oferece.

Até em brisa tornar-se, o beijo;
Impresso em face rubra do desejo,
No adeus que aos amantes não fenece.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Equilíbrio

Equilibram-se os corpos
Em constante tentativa,
Desnudos, ébrios de poesia,
Aliviados da pequena morte.

Tudo é breve pulsão à vida
Pendular de vibrante sorte,
Que perdura ao estrelar de dia
A boemia que divaga a noite.

Pouco importa a metáfora
Que no sonho da palavra embarca
Suplicante, pelo horizonte da nuca.

Liquefaz-se em abraço morno
O sussurro que sugere ao sono
Um abrigado porto de ternura.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

O desemprego da Trema

Acabou a tranquilidade da Trema.

Não aparecia com frequência,
Não batia mais ponto na repartição...

Alcaguetaram para a Gramática que,
Sem pensar nas consequências,
Expulsou a Trema da Pontuação.

Até de delinquente chamaram a coitada!
Ela não teve direito de arguir nada...

Depois, tentou concurso para reticências,
Mas não passou por um ponto.

Hoje, anda por aí desmilinguida da vida.
Quer morar na Alemanha, mas o voo para lá é caro.
Aliás, aí está outro fato sem nenhum nexo:
Demitiram da companhia o melhor piloto Circunflexo.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Um defunto inusitado

Meu HD morreu ontem. Ele foi colocado em uma caixinha velha de papelão e enterrado em outra caixa – também de papelão – entre entulhos há tanto esquecidos. Como você pode notar, o funeral não foi grande coisa.
Levou consigo uma infinidade de arquivos tolos, poemas, textos avulsos, rascunhos de cartas, projetos, histórias por acabar, uma tonelada de MP3 e fotos, muitas fotos. Deixou herança miúda... Uma pensãozinha salafrária, e só.
O mais interessante disso tudo - e é o que vale esta crônica – foi a minha total indiferença. Mais de 10 anos de vida digital jogados no armário de vassouras e... Nada. Até arrisco a confissão de uma pontada de alegria.
Você, que é otimista, pode até dizer que essa alegria vem da vontade de viver, de trocar o passado apagado pelo futuro a construir. Afinal, não existe troca melhor, né verdade? Já para o pessimista... Bem, o pessimista vai apostar que esta alegria vem da vontade mórbida por anulação. É o prazer que vem no deixar-de-ser.
Eu sinceramente não sei para que lado a moeda vai virar, e ponto. (final?)

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Velho da esquina

É na esquina da São José:
_ Abridor de coooooco!
Triste ouvi-lo dizer...
Pernas rotas.
Um abridor de coco,
quem compra?
Há tristezas que passam.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Big Bang

Sou verde-musgo como a pedra
Que para de rolar o rio... Espera...
Os músculos relaxam e cochicham
Em tranqüilos chiados de espírito.

Os espasmos de pensamentos partem
Pelo dorso frio do rio... Expandem-se
Até as outras margens do indivíduo
E ali restam indefinidamente consigo.

Não existe sequer um movimento.
Transmuto-me em mim mesmo,
Em um estar parado e infinito.

E é assim que, mesmo imóvel, sigo.
E seguimos todos, e seguimos tudo
Na estagnada velocidade do mundo.