segunda-feira, 25 de maio de 2009

Crônica do dia

“Hoje eu acordei com um elefante sentado no peito”. Era assim que eu ia começar a minha crônica de hoje. Provavelmente descreveria o dito cujo - com suas orelhas imensas e pesadíssima invisibilidade.
O cronista – no caso, eu - seguiria com mais um festim de lugares comuns, talvez usando expressões bregas como “caminhar pela cidade azul sem olhar o outono”.
Lá pela metade do blábláblá, falaria um pouco da minha mãe, diria coisas boas e ruins dela - ou coisas bobas - do tipo “era consumista” ou “amava chafarizes”. Você, leitor, talvez chegasse a Freudianas conclusões, Édipos para lá, Jocastas para cá...
No último parágrafo, a confissão dos microproblemas do dia a dia, a alegria de ver chegar a geladeira na nova casa, a compra do primeiro sofá e da primeira mesa de cozinha.
Talvez nas entrelinhas eu deixasse transparecer uma dor qualquer, uma saudade espinhenta pelos que partem com a morte ou pela vida.
Talvez escapasse por aí um certo rastro de rancor, alguma marca de violência mal encoberta...
E, no fim, depois do ponto final, uma margem inteiramente branca só para o amor.

14 comentários:

Circo Golondrina disse...

Menino, se a margem está branca pro amor não é um elefante e, sim, um passarinho, carregado sobre o peito.
Passarinho tem orelha!?? Huahauhau.
Boa sorte para os próximos dias das próximas crônicas.
Bj no corazón!

Thiago Cascabulho disse...

Oi, Ju! Tá sumida por aqui! Que bom falar com alguém que assina o nome, pra variar hehehe
A única coisa que aprendi sobre passarinhos é que eles andam em pulinhos, já os pássaros caminham... Poderá um passarinho ter um peso de elefante?
Aproveito para postar aqui nos comentários o poema do Mário Benedetti que tirei do seu blog... Lindo mesmo! Temos que divulgar as coisas boas! Beijo!

Táctica y estrategia

Mi táctica es
mirarte
aprender como sos
quererte como sos.

Mi táctica es
hablarte
y escucharte
construir con palabras
un puente indestructible.

Mi táctica es
quedarme en tu recuerdo
no sé cómo ni sé
con qué pretexto
pero quedarme en vos.

Mi táctica es
ser franco
y saber que sos franca
y que no nos vendamos
simulacros
para que entre los dos
no haya telón
ni abismos.

Mi estrategia es
en cambio
más profunda y más
simple.

Mi estrategia es
que un día cualquiera
no sé cómo ni sé
con qué pretexto
por fin me necesites.

Circo Golondrina disse...

Claro que assino. E eu lá tive, alguma vez, vocação pro anonimato!?? Todo o contrário haha.
Não sei se existe pássaro com peso de elefante mas sei que existe um elefante que sabe voar ;o)
Linda mesmo a poesia, né!? Divulga mesmo. Beso!

Anônimo disse...

Ai, poeta, nós somos anônimos mas temos coração! :( Eu e a Fantasminha - que já diz andar feito uma máquina de lavar quebrada - nao merecemos tal desprezo!!!
Mas, tudo bem, te perdoo já que vc tb nao anda muito bem - me parece por sua última crônica...
Obs: lindo poema! Nao conhecia este poeta. Beijosssss
Andorinha

Anônimo disse...

É lindo o poema. Obrigada por me defender, Andorinha. E por ser solidéria na minha dor!
Poeta, vc tá mudando! Tirando o caos dos primeiros dias é tão bom começar. Ou recomeçar...
Beijos
F. de Mello

Thiago Cascabulho disse...

Sempre enigmática...
Estou mudando? Como? Mudar é sempre bom, eu acho. E estou mudando de casa! Já é um grande passo :)

Fantasminha, bom recomeço para você, sejá lá o que isso significar!
Embora nao saiba a sua identidade, a da Andorinha ou a do R. Bandeira, acho que somos amigos, né? Beijo

Anônimo disse...

Poeta, hoje acordei, quer dizer, amanheci, com uma tristeza enorme, dessas que oprimem, que fazer o respirar um enorme sacrifício. Aí fiquei pensando no que estaria sentindo o velho e magistral Vinícius quando disse;"Então pergunto a Deus,escuet Amigo, se foi pra desfazer, por que é que fez?"
Como apesar de tudo ainda consigo ver uma luzinha brilhando lá longe, continuo a acreditar que o Universo conspira em meu favor.
Tenha um bom dia.
Beijos a todos.
R. Bandeira.

Thiago Cascabulho disse...

"Mas não tem nada, nao / Tenho meu violão..." Quando eu fico assim é nisso que eu penso, e sempre uma canção me resgata, mesmo sendo a canção triste. Ontem, confesso que me fez sorrir a melancolia romantica na voz do Chico: "Você era a mais bonita, das cabrochas desta ala/ você era a favorita / onde eu era mestre sala / hoje a gente nem se fala / mas a festa continua..." É isso aí

Anônimo disse...

Obrigada, amigo Poeta.
Ter amigos é td de bom. Me lembra uma passagem do livro A Menina que Roubava Livros:
"Agora, acho que somos amigos, essa(e) menina(o) e eu."
Fiquei feliz de ser classificada como sua amiga "Sacudidor de Palavras". Penso que a Andorinha e R. Bandeira também ficaram muito felizes.
Bj Bj

F. de Mello

Anônimo disse...

Agora que somos amigos, permita-me um comentário sobre sua Crônica do Dia. Pensando como mãe eu acho que naquele momento vc estava precisando de colo. De colo de mãe.
Desculpa amigo Poeta divagar sobre seus sentimentos. Foi o que me veio.
Bj Bj
F. de Mello

Ah!!! Andorinha, o dia hj certamente está mais bonito. A máquina foi consertada. Poeta, viva o recomeço. Até!!!

Tita Aguiar disse...

Oi amigo querido e talentoso!!! Que catarse, hein? Com certeza tirou o elefante do peito.
E quanto as pessoas que vão sem a nossa "permissão", acredito certeiramente que residam na margem inteiramente branca, só para o amor.
Grande beijo,
Tita

Thiago Cascabulho disse...

Tita! Esta margem branca é um espaço infinito para todo tipo de sentimento. Lugar para reescrever e recriar o passado no presente, seja com lembranças boas ou ruins.
Muito bom vc por aqui! Grande beijo!

Anônimo disse...

Meu caro Poeta,querida Fantasminha e minha nova amiga Andorinha; meninas, não sejam tão duras com a Julieta. Visitem o blog Princesa do Jardim que vcs vão entender que a arrogancia dela é apenas um traço portenho de personalidade. No íntimo ela deve ser uma pessoa muito doce.
Caro Thiago, como0 estão as "andanças de Euclides?" Estamos curiosos.
Fantasminha: uma vez ouvi que " amar não é só a si se dar, é a outro pertencer". Fico feliz por interagir com vcs.
Beijos a todos
R. Bandeira.

Poly disse...

Sabe o que eu acho ? Que um poeta que não tem elefantes de vez em quando, não consegue ser um poeta de verdade... No entanto,essa crônica deveria ser, não só no fim, mas inteiramente branca...
Palavra de "Polyana", nem menina, nem moçinha,simplesmente "euzinha".
PS: Beijinho para o poeta.Sou sua fã.