segunda-feira, 4 de maio de 2009

Epopéia Euclideana



Os últimos meses foram de dedicação quase exclusiva para o ambicioso projeto Quatro Cantos de Euclides, pela Caraminholas, filho de uma iniciativa muito maior, o movimento “100 anos sem Euclides” http://www.projetoeuclides.iltc.br
Só agora tenho cabeça para divulgar um pouco deste trabalho aqui no blog. A idéia inicial era a de criar um livro infantil sobre a vida e obra do escritor fluminense. Só isso já faz do desafio enorme, afinal, todos sabemos que a obra de Euclides é difícil tanto na forma quanto no conteúdo, e sua vida um desastre a parte.
Para complicar mais um pouquinho, decidi escrever o livro em forma de canções, com ritmos bem brasileiros. Foi assim que, aos poucos e depois de muita pesquisa, nasceu o maculelê que abre a narrativa; o samba de roda que conta o início da vida do autor (canto I); o Baião, para Os Sertões (canto II); a moda de viola para a epopéia amazônica (canto III) e a ciranda para o fim da trágica vida (canto IV).
Mas as coisas não param por aí. O desafio foi para a estratosfera quando o Coletivo Sala Preta aceitou coordenar um grupo de mais de 60 atores para dramatizar o livro pelas ruas de Paraty durante a Flip deste ano, na noite do dia 03 de julho.
É grande a ansiedade de todos e muito trabalho pela frente. Esta semana tive a felicidade de escutar as primeiras gravações das músicas, e já começam a surgir também as ilustrações do livro, pelas mãos do grande parceiro Miguel. Como complemento às canções da obra, terminei ontem os textos que serão encenados no espetáculo, e mais uma canção foi feita, uma ladainha, que vai ser entoada durante o deslocamento das pessoas pelos diversos cantos da cidade. Aí está ela!


Ladainha, ladainha!
Ê, voz de quem caminha!

Leva a palavra pra perto
Desse céu que reflete o deserto!

Ladainha, ladainha!
Ê, voz de quem caminha!

Leva contigo o cansaço
Desse peso de terra nos braços.

Ladainha, ladainha!
Ê, voz de quem caminha!

Rogai por nós a alegria

Que alivia esse exílio na vida.

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