quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Carta

Prezada Doutora,
Lamento os meses de ausência. Garanto que não foi por fuga ou negligência com suas indicações. Estive realmente distante, partido em muitos, passado em um prisma qualquer, talvez a apatia... Pergunto-me se não seria tudo isso conseqüência do tratamento. Só agora sinto os dedos formigarem.
Em resposta a sua pergunta, fique tranqüila. Não tenho mais tormentos de sono. Agora durmo noites sem histórias. No entanto, quando acordado, sinto soar em mim a velha canção tal qual um mantra de fogo, que se reconstrói dia-a-dia, sempre inacabado e pedindo mais - Pássaro dos infernos!
Só ontem entendi o que quis dizer com “projeção”. Lamento concordar.Mas, se esta é a realidade que tenho... As reticências são um alívio! Só Deus sabe das minhas represas. Só ele! Vê-se que ainda estou aprendendo a conjugar novos verbos.
“Todo en ti fue naufragio!”, como você diz. Que a palavra seja – sempre – a única recompensa dos afogados.
Lembranças
Seu paciente

Um comentário:

Circo Golondrina disse...

mais nem um tormento de sono ;P !??
sau
da
de