A sala é um retângulo mal humorado de cadeiras vermelhas – uma grande boca. Na mesa, quatro tremeluzentes bandeirantes: um luso-coreano a equilibrar a cabeça, uma morena-loura saída da cadeia, uma manicure-de-interior-quase-bárbie e, no centro, o herói desta petite histoire – o Marinheiro.
Do outro lado da opressão, nos dentes da grande boca, meio abertos, meio fechados, ruminamos o almoço – sono.
Enquanto a loura-morena fala megafônica o recorte do fragmento de um pensamento fragmentado, entra, por um dos vértices do retângulo, a pequena Apache - sólida sobre seus tênis.
O que faz tudo isso relevante, especial, é que no centro da mesa o Marinheiro afoga os lábios, tenta segurar o resumo de uma alegria genuína: _ Aí está ela!
Eu, voyeur, fotógrafo no olhar, caminho pelo retângulo paralisado e vejo toda a imensa boca nos sorrir em sentimento. Agora sim, podemos continuar.
Um comentário:
Adorei ser protótipo.
Obrigado pelo texto e pela presença.
abraço
obs: de fato ela deve ter saído da cadeia.
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