domingo, 31 de janeiro de 2010

Soneto para Marina

“... podia-se vislumbrar sobre a cama uma jovem de luminosa figura, agradável semblante, caráter filosófico numa aparência como a da lua, olhos babilônicos, sombrancelhas em forma de arco, silhueta na forma da letra alif...”

O carregador e as três jovens de Bagdá
Livro das Mil e Uma Noites
Volume I - ramo sírio
Na Aleph encontro cardinais
Sem nenhuma consoante.
É um universo de vogais
Que ordenam dissonantes

Cais de barcos racionais.
Como despedir o branco
De tuas cores decimais
Sem precisar contanto?

Ai, alfabetos ruminantes
Não digerem numerais...
Que cilada, Rocinante!

Mas, se o conjunto abarca
Tanto infinito sem demais...
Que calcularia meu Petrarca?

5 comentários:

Maninha disse...

Simples como matemática

Socorro! Gritei quando li
Palavras tão bem expostas
Que nenhum expoente
Poderia me fazer calcular!

Constantes e somatórios
De dizeres que me perdi
Nas entrelinhas e achei que emburreci.

Na verdade esses significantes
Fizeram acordar significados
Nunca antes explorados.

Para que dificultar as expressões
Se até o limite que tende ao infinito
Tem sempre uma simples solução?

Anônimo disse...

É, Poeta. Desta vez vc caprichou... Quixote, Petrarca e as Mil e Uma Noites...
E a Marina? Ainda estava me esquecendo dela...
Bj
F. de Mello

Thiago Cascabulho disse...

É, talvez esta tenha sido um pouco "over" de informações... Difícil não recorrer ao cânone quando se quer dizer algo difícil de dizer... Mas a resposta chegou e estou feliz: obrigado Maninha! Vc acertou com a simplicidade que eu queria!

Bjs e abs

Leonardo Martins de Araújo disse...

Thiago,
Aprendi muito, como sempre, com sua expressão. Palavras, referências, experimentações. Você consegue alcançar os recôncavos dos limites de cada palavra, de uma forma como eu não poderia imaginar... mas quer aprender a fazer isso também, um dia eu chego lá!!
Gostei muito do ritmo e da sonoridade também.

Thiago Cascabulho disse...

Obrigado, amigo compositor. Faremos um acordo, te ajudo com isso e vc me ajuda com os caminhos musicais! Gostaria de chegar na ternura e simplicidade de uma de suas canções como a "Sobre amores impossíveis" e muitas outras.
Realmente, talvez seja característica da minha poesia esta grande quantidade de referências... mas ainda não sei se isso é uma coisa legal, já que dificulta muito o acesso do leitor. Vamos estudar! Abrá!