Amigos, redescobri outro dia nas minhas coisas uns documentos, fotos e poemas do meu avô Djalma Cascabulho. Boêmio das noites de Madalena, Campos e Paraty, deixou pouquíssimos poemas escritos– a maioria de qualidade estética duvidosa, pelo menos para mim. No entanto, ao visitá-lo nas memórias de amigos e parentes, é indiscutível não reconhecer o seu espírito de poeta. Posto aqui os versos que mais gosto, feitos no pós guerra, com toda aquela alegria ufanista e inocente daqueles tempos. Até mais.
Ser livre como um potro bravio!Relinchar, relinchar e correr,
Saltitante e feliz, a correr, a correr!
Ser árvore!
Acenar, acenar e falar por farfalhos.
Abraçar a alegria da vida em meus galhos!
Ser sol!
Inundar a natureza da luz com meus raios,
Nascer entre as montanhas e atrás delas morrer!
Ser regato!
Deslizar tranquilo e feliz pelas fraldas dos montes,
Em busca dos rios, em demanda do mar!
Ser garoto outra vez!
Jogar bolas de gude, correr pelas ruas,
Trepar pelas árvores, novos frutos colher!
Não pensar mais na vida,
Não pensar mais na vida,
De tudo esquecer!
Estancar esse sangue, que corre da ferida,
Que você machucou sem querer!
Vou subir a montanha,
Vou viver lá de novo,
Vou cantar pro meu povo!
Esse canto sublime
É a voz da montanha,
Resoluta e tão firme
Que à luta me assanha.
Quem sabe ouvirá esse canto que falo,
Ele é firme e constante
Como o canto de um galo!
Venha ver meu povo como gosta de ouvi-lo
Esse canto que é de minha alma um suspiro!
Nele rendo um culto de amor e lealdade:
Nele rendo um culto de amor e lealdade:
A Deus, aos homens, às pátrias e à Liberdade!!!
Um comentário:
É, está mesmo no DNA.
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