terça-feira, 16 de março de 2010

Porvires

Em resposta ao amigo, poeta e confrade Léo Seixas,
que me viu no poema Última Página, de Olavo Bilac,
ao qual me reporto, em réplica, nesse soneto;
e à Dama das Chuvas Érica Alves.

No horizonte formam-se cascatas
De porvires que anunciam os textos.
Sinto mãos de uma cigana, pondo cartas...
Escrevo ao destino em meus sonetos.

É de eterno retorno este afeto,
Que me transcreve estações do ano:
Se lambidas vagas molham o inverno
É que vagões repletos gozam outonos.

É excitante o amor pelas palavras...
Será o único? A poesia nos explica
Quando versifica o futuro em sua lavra.

Se a palavra os sentimentos liga...
Quanto amor constelará nos mapas
Se de paixão a minha vida é rica?

15 comentários:

Circo Golondrina disse...

CERTAMENTE vou roubar a última estrofe e usar de alguma forma. Vou tirar onda e citar em alguma conversa importante haha. E tem mais, só digo q é sua se perguntarem. Caso contrário, deixo pensarem q é minha huahauhau ;o)

Anônimo disse...

Se é assim, só posso me lembrar do Martinho da Vila:

Procurei
Em todas as mulheres
A felicidade
Mas eu não encontrei
E fiquei na saudade
Foi começando bem
Mas tudo teve um fim...

Então, o Poeta da Vila encontrou.
...
O sol da minha vida
A minha vontade
Vc não é mentira
Vc é verdade
É td que um dia
Eu sonhei pra mim...

Acho que sua mulher-poesia também virá!!!Rsrs
Bj

Dama das Chuvas disse...

"1. Além do acasalamento (aos diabos com o Imaginário), há este outro abraço, que é um enlaçamento imóvel: estamos encantados, enfeitiçados: estamos no sono, sem dormir; estamos na volúpia infantil do adormecer: é o momento das histórias contadas, o momento da voz, que vem me hipnotizar, me siderar, é o retorno à mãe ('na calma amorosa dos seus braços', diz uma poesia musicada por Duparc). Neste incesto renovado, tudo fica então suspenso: o tempo, a lei, o interdito: nada se esgota, nada se quer: todos os desejos são abolidos porque parecem definitivamente satisfeitos."

- Verbete ABRAÇO em Fragmentos de um discurso amoroso, Roland Barthes

Sounds familiar?

Anônimo disse...

Oh caro Poeta, de que valem as "Rosas", as "Dulces", as "Brancas",...????? Mais vale ter uma mulher incrível ao lado do que uma coleão de biscates!

Anônimo disse...

je veux ton amour et je veux ton revanche

Thiago Cascabulho disse...

Respostas:
Juli, que plagiadora mequetrefe (adoro esta palavra!) é essa que anuncia o roubo? haha

Anônimo 1: Respeito muito o trabalho do Martinho, mas essa música que vc escolheu é meio chumbrega... Ah, pra mim o Poeta da Vila é outro...

Dama das chuvas: Lindo tudo isso... Identifiquei umas vésperas nas entrelinhas.É aquela morte da qual já falamos pela madrugada. Ou seria o outro viver que a arte provoca?

Anônimo 2: Até que existe lugar para Rosas, Dulces e Brancas na vida de um solteiro que está na busca... Não vejo estas como biscateiras ou desinteressantes, elas não precisam ser assim para não despertarem paixão. Mas concordo que é melhor estar apaixonado por uma do que ver o sentimento fragmentado entre várias!

Anônimo 3: Lady Gaga???

Anônimo disse...

Pelo jeito, Poeta, pretendentes ao posto de mulher-poesia é que não não vão faltar, hein!? Ouça o Poeta da Vila e o coração. Não se esqueça também de ousar...

Para viver um grande amor, mister
É ser um homem de uma só mulher
Pois ser de muitas - poxa! - é pra quem quer
Nem tem nenhum valor...

Há que se fazer do corpo uma morada
Onde clausure-se a mulher amada
E postar-se de fora com uma espada
Para viver um grande amor.

Bj

Anônimo disse...

Nossa, mandamos o post na mesma hora, que legal! Quando enviei, só apareceu o que vc escreveu. O que escrevi, só apareceu um minuto depois.
Puxa, eu achei que a música combinou tanto...rsrs
Bj

Anônimo disse...

Esqueci ainda dizer que embora também prefira o Noel, vejo Martinho perfeito nesta música. Ele disse o que o Bilac poetou e ainda completou, porque encontrou: a mulher-poesia. E isso tudo, na voz do povo!!!
Bj

Anônimo disse...

Uma fala na madrugada
Traz em mim uma amada
Sensação
De não estar só,
Em pensamento e momento
E gostosa emoção!

Thiago Panza Guerson disse...

Muito bom e esse, como o outro, tenho que decorar.

Abraços!!!!!!

Thiago Cascabulho disse...

Valeu, gente! Nossa, nesse debate todo lembrei uma de Ismael Silva: "Se vc jurar, que me tem amor..."

Bjs e abs!

Anônimo disse...

A mulher é um jogo
Difícil de acertar
E o homem como um bobo
Não se cansa de jogar...

Fiquei morrendo de pena!!!
Ô cara mentiroso!!!
Por isso que eu digo sempre: homens, homens, melhor não tê-los. Mas se não os temos, como sabê-los.
Rsrs.
Bj

Thiago Cascabulho disse...

Caramba, que rancor! Leia mais Alvaro de Campos!

Anônimo disse...

Vc quem manda..
Estou cansado, é claro
Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado
De que estou cansado, não sei:
De nada me serviria sabê-lo,
Pois o cansaço fica na mesma.
A ferida dói como dói
E não em função da causa que a produziu.
Sim, estou cansado,
E um pouco sorridente
De o cansaço ser só isto -
Uma vontade de sono no corpo,
Um desejo de não pensar na alma,
E por cima de tudo uma transparência lúcida
Do entendimento retrospectivo...
E a luxúria única de não ter já esperanças?
Sou inteligente; eis tudo
Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto
E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá,
Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa.

Não chamo de rancor, chamo de entendimento. E eu entendo mesmo. Ou melhor, procuro entender.
Bj