segunda-feira, 22 de março de 2010

Arranhão

Em breve tempo - lá vai o vento, lá vai...
Leva as palavras, leve... Uma a uma
Ladrão! Lento a me sorver vogais,
Lança consoantes em lacunas...

Lá vai o vento! Passa sem querer demais,
Lá vai! Languido laçador de chuvas...
Sanguessuga! Lambe lindos temporais
E deixa ternas expressões viúvas.

Secas folhas... Brancas laminas...
Lanham as costas tão sem culpa!
Lá vai o vento, lá vai, lá vai...

Vai o logo converter-se em espuma?
Lá vai o vento enquanto... Lá vai...
Latejo novamente em tuas unhas.

15 comentários:

Anônimo disse...

Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando
Tudo embora...

Bj

Anônimo disse...

"... Não compreendo como querer o outro possa tornar-se mais forte do que querer a si próprio. Não compreendo como querer o outro possa pintar como saída de nossa solidão fatal. Mentira:compreendo, sim. Mesmo consciente de que nasci sozinho do útero de minha mãe, berrando de pavor para o mundo insano, e que embarcarei sozinho num caixão rumo a sei lá o quê, além do pó. O que ou quem cruzo esses dois portos gelados da solidão é vera viagem: véu de maya, ilusão, passatempo. E exigimos o eterno do perecível, loucos"
Caio Fernando Abreu

é... extremos da paixão.

Bj,
M.Machado

Thiago Cascabulho disse...

Muito bom te ver novamente por aqui, M Machado! Só nao entendi a relaçao do texto com o poema... Se tiver tempo pode se explicar?
Ah, não sei se vc leu, mas acho o poema "Porvires" mais a sua cara... Como faz tempo que nao passa por aqui, bem que podia passar por lá também e comentar :)
Bjs e abs

Anônimo disse...

Vem a espuma do vento secar o meu pranto.
Fecho os olhos para o logo e abro o meu peito para o tempo.
Prefiro marcas aos arranhões , permanência à passagem .
O que arranha, estoura, como o vento na bolha formada de espuma.
O que lapida, marca, como palavras desejadas em intermináveis lacunas.

Procuro ser complementar.
Belo poema!

Até,
Trapizonga.

Anônimo disse...

M. Machado, te lendo fiquei pensando então, que deve ser por conta do que a Adriana Calcanhoto diz nesta linda música:

Depois de ter vc
Pra que querer saber
Que horas são?
Se é noite ou faz calor
Se estamos no verão
Se o sol virá ou não
Ou pra que é que serve uma canção como essa?
Depois de ter vc
Poetas para quê?
Os deuses, as dúvidas?
Para que amendoeiras pelas ruas?
Para que servem as ruas?
Depois de ter vc...

Mas também fiquei pensando, como é tudo isso, quando se quer alguém que nunca se teve?

é...extremos da paixão.
Bj

Anônimo disse...

Credo, agora postei juntinho com Trapizonga...
Acho que esse lance de sintonia existe mesmo porque gostei do que ele (ela) escreveu. Também prefiro as marcas, feito tatuagem, como na música!
Bj
Nada contra o seu poema, Poeta...rs
É que palavra vai, palavra vem...

Thiago Cascabulho disse...

Ótimos comentários... E eu que já estava olhando torto para este poema! Trapizonga, em especial, gostei muito do que vc escreveu. Fiquei por aqui a refletir deliciosa-mente.

Bjs e abs!

Anônimo disse...

A mente não mente
Só sente...

Anônimo disse...

Xii... Acabo de reparar que o meu comentário era para o poema "Porvires" , não para o "Arranhão".

Desculpe por bagunçar o blog!Entretanto, continuarei a comentar por aqui mesmo :)

Anônimo 2, creio não seja exatamente disso que nos diz o Caio Fernando Abreu. Entretanto, acredito que este seja mais um devaneio meu em uma dessas madrugadas geladas. De fato, é dificil estar só, a necessidade do outro é tão essencial quanto ao respirar. Por isso também a necessidade da escrita, de gritar o amor..
Na verdade, concordo com "o que lapida, marca, como palavras desejadas em intermináveis lacunas". Assim, creio que a resposta da sua pergunta esteja no poema do Trapizonga. Bom, acho.
Enfim, este também pode ser um outro devaneio...

M.Machado

Anônimo disse...

M.Machado, realmente as palavras nos dão essa capacidade. Que bom que assim é.
E as madrugadas geladas? Vc não estava falando do tempo, né? A menos que não more aqui... então, são elas que a mim levam também ao devaneio! Seria a "solidão fatal" de Caio? Não sei. Ultimamente: "sei que nada sei"...rs
Bj

Anônimo disse...

Minha mente não mente e só sente dor de dente.
Seria eu diferente?
Meu sentimento mais potente encontra-se latente,
dormente,
semente,
urgente,
e muito longe da minha mente.
Felizmente!

:-)

Pessoal, foi só uma brincadeirinha com as "mentes e entes".
Obrigada (o) pelo carinho de todos com as linhas que postei aqui. Não pensei que a receptividade fosse ser tão boa.

Escrevo pelo amor e pelo estímulo.

Até!
Trapizonga.

Anônimo disse...

Minha mente só sente
E meu sentimento nada latente
Pulsa contente
E urgente.
Sou carente!

Anônimo disse...

Esse poema me lembrou uma canção que Milton cantou:

"Se um dia você for embora, vá lentamente como a noite que amanhece sem que a gente saiba exatamente como aconteceu..."

Thiago Cascabulho disse...

Gosto muito de brincadeiras! M Machado, Trapizonga e F. de Mello, vcs me divertem a inspiração! Mas, realmente, este poema nao está com uma boa vibração...
Revoluvox, a onda pode até passar por aí sim - dependendo da interpretação - mas, pra mim, foi algo muito mais mundano... Diria até ridículo.
Está nas entrelinhas... Nas minhas :)
Beijos e abs! Boa noite!

Anônimo disse...

Há momentos na vida em que sentimos tanto a falta de alguém, que o que mais queremos é tirar esta pessoa de nossos sonhos e abraçá-la.
(Clarice)