Venha sentar-se comigo, Eurídice,
Faz anos que partimos para longe...
E agora, na tranquilidade do estar,
Quero ver a alegria da surpresa
Venha sentar-se comigo, Eurídice,
Sinto as mãos forçarem a máscara, tapando meus olhos. Ainda é manhã pelas frestas dos dedos. Seguro os pulsos no equilíbrio. A festa arrasta-nos para a música.
Há um sol nos braços finos. Meio passo para frente, um esbarrão pela direita... A sandália resvala paralelepípedos. Talvez, talvez uma boca me chega aos ouvidos: Desculpa... como quem diz não olhe para trás.
As mãos descortinam a multidão. Giro incompleto, sonâmbulo. Chega de algum canto a canção. Mas os braços somem, para sempre, nos paetês.
Amigos, redescobri outro dia nas minhas coisas uns documentos, fotos e poemas do meu avô Djalma Cascabulho. Boêmio das noites de Madalena, Campos e Paraty, deixou pouquíssimos poemas escritos– a maioria de qualidade estética duvidosa, pelo menos para mim. No entanto, ao visitá-lo nas memórias de amigos e parentes, é indiscutível não reconhecer o seu espírito de poeta. Posto aqui os versos que mais gosto, feitos no pós guerra, com toda aquela alegria ufanista e inocente daqueles tempos. Até mais.
Ser livre como um potro bravio!